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A ARTE DE SER AVÓ
Raquel de Queiroz
...Quarenta anos, quarenta e oito. Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem suas alegrias, as sua compensações - todos dizem isso, embora você pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.
Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade.
Não de amores nem de paixão; a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas, que hoje são seus filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que se lhe é "devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito sobre ele, ou pelo menos o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo ou decepção, se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim, tenho a certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis...
Angela, adorei o seu Blog! E vamos a pergunta:
ResponderExcluirRelacione o filme "A Onda" à seguinte fala de Thomaz T. Silva: "Ao descrever um "objeto", a teoria, de certo modo, inventa-o. O objeto que a teoria supostamente descreve é, efetivamente, um produto de sua criação" (pg. 11).
Patricia....
ResponderExcluirSeguindo o pensamento de Tomaz Tadeu da Silva :”Ao descrever um objeto a teoria de certo modo , inventa-o . O objeto que a teoria supostamente descreve é efetivamente um produto de sua criação,” a forma como o professor do filme “A Onda” utilizou para trabalhar a ideologia teve como objetivo levar os alunos a vivenciar , dar forma, enquadrar-se na pratica, para que o assunto não fosse apenas descoberto, descrito ou explicado , mas que fosse produzido , que se tornasse um objeto cognoscível (o que é passível de ser conhecido), de se entender ou tentar entender as coisa em si.
"...o professor precisa da competência do conhecimento, da sensibilidade ética e da consciência política, para transformar do cotidiano escolar".
ResponderExcluirUma frase importante neste pensar o currículo. Mas, reveja a contradição dos sentidos de ideologia trabalhados em seu texto...a última frase que fecha o seu texto, desencessária ou foi sarcasticamente posta?
Boa resposta dada à Patrícia....