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A ARTE DE SER AVÓ

Raquel de Queiroz

...Quarenta anos, quarenta e oito. Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem suas alegrias, as sua compensações - todos dizem isso, embora você pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.

Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade.

Não de amores nem de paixão; a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas, que hoje são seus filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres - não são mais aqueles que você recorda.

E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que se lhe é "devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito sobre ele, ou pelo menos o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário, causaria escândalo ou decepção, se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.

Sim, tenho a certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis...

quinta-feira, 30 de junho de 2011

DIÁRIO DE BORDO

10/03/11   1º ENCONTRO
 
Apresentação
Identificação
Adivinhe onde ando
Indagação
E eu ainda te estranho e ainda me engano
Bem eu....mudei os planos.
Curiosidades
Não entendes o espanto
Hoje somos tantos
Com muita vontade
E cada um, um pouco tonto.
Informação, avaliação, sugestão.
Trazendo sementes, pedaços.
De tudo que viu e não viu
De tudo que aprendeu e não aprendeu
Seguindo uma estrada
Meios que desorientados,
Num espaço cheio de escadas
Em busca de novos conhecimentos,
Para iniciar o mestrado...

18/03/11   2º ENCONTRO

Currículo e ideologia.
Currículo ( conteúdo, organização, forma, seleção)
Currículo ( produção e reprodução)
Currículo e sua função social e cultural
Currículo  (manifesto, oculto e vivido)
Através dessas informações fizemos uma viagem – Dos jesuítas aos anos de 1980, através do texto Sociedade, educação e currículo no Brasil.
Conhecemos e discutimos um pouco de Michael Apple, Henry Giroux, Michael Young e Sacristán.
Terminamos o nosso segundo encontro nos perguntando:
Você gostaria de ser seu aluno?

25/03/11  3º ENCONTRO

Algumas definições de Currículo nas Teorias:
-Curriculares Tradicionais
-Curriculares Críticas
-Curriculares Pós criticas
Currículo carrega algumas  contradições: ao mesmo tempo em que ele é conservador ele dá  oportunidade de transgredir.
O colega Paulo, compartilhou conosco o texto lido e analisado por ele, onde tivemos  a   oportunidade de conhecer e ou relembrar um pouco da Historia da Educação no Brasil.no período jesuítico.
Destaco como fechamento do nosso terceiro encontro a frase dita pela professora: Currículo não e apenas etinerância e também errâncea.

01/04/11  4º ENCONTRO

Mudamos de sala, agora nos tornamos de fato  um grupo,onde a proximidade  espacial foi  também  contemplada.
Compartilhamos as leituras:
1)     Antonio Marcos – Texto : Comunicações e Informações – currículo é rissomático, ou seja, ele se expande absorvendo elementos de outras culturas e através dessa lógica faz-nos entender que ele é dinâmico com os elementos que vai achando, encontrando.
2)     Patrícia- Texto - Cap. IV – de 1930 a 1964- recordamos um tempo histórico, como a Revolução de 1930, o Brasil industrial de 1945, Reforma educacional de 1931 com os aspectos da escola publica, obrigatória , laica e gratuita, o Manifesto dos Pioneiros ,características da constituição de 1937, de 1946 e seu caráter democrático, o Golpe de 1964, Reforma Francisco Campos , Reforma Capanema e as primeiras Leis de Diretrizes e  Bases da  Educação.
3)     Ana Carolina e Ângela – tentamos deixar para nossos colegas informações relevantes do texto: A crise da mudança dos Currículos.

Terminamos o dia com a sugestão  de assistir o filme A ONDA.

08/04/11   5º ENCONTRO

Começamos a tarde ganhando presente da professora Rita, que muito carinhosamente nos ofereceu um kit  NEAD  (Núcleo de  Educação a Distância – UNIFEI ).
Em seguida fizemos algumas reflexões sobre o caso Realengo. Foi uma semana que todos os educadores sentiram um misto de frustração-indignação com a violência que esta dentro e fora dos muros da Escola.
Compartilhamos as  leituras:
1)     Rafael – Texto: Em busca de um enfoque alternativo, do livro Currículos e Programas no Brasil de Antonio Flavio B. Moreira, que destaca  três pontos básicos  que foram problematizados, analisados  e discutidos, sendo eles: aquilo que foi transferido  no contexto original, a realidade sócio- econômica brasileira e sua relação com as forças institucionais e os contextos ideativos.Os estudos da historia do pensamento curricular americano e brasileiro nos dão diversas contribuições, permitindo entender como os conteúdos  ideativos e ideológicos da tradição americana foram transformadas no Brasil.
2)     Kleber – Texto: Histórico Social das Mudanças Educacionais de Goodson.
A professora Rita sugere a criação de um blog para que possamos ir postando os nossos conhecimentos e assim cada elemento do grupo vai seguindo o outro.
15/04/11  6º ENCONTRO

No início do sexto encontro a professora sugere os filmes:
Antes que o mudo acabe.
As melhores coisas do mundo.

Leitura compartilhada : A crise Educacional Brasileira de Anísio S. Teixeira, pelas alunas Ana Carolina e Ângela.

A professora Rita apresentou as características básicas das Teorias Críticas e Pós Críticas de Currículo.

Como nos encontraríamos depois de duas semanas, a professora Rita caprichou nas atividades para casa:- Resenha de textos, -Assistir a palestra: O perigo da história única.
- Escrever um texto relacionando; currículo, poder, ideologia, o filme A ONDA e a palestra.
- Colocar no Blog.

29/04/11  7º Encontro

            Que legal! Quase todos os colegas já estavam com seu blog.
            Começamos a tarde a apresentação das resenhas do livro Documento e Identidade de Tomaz Tadeu da Silva.

1º)  Antonio Marcos – Texto - Uma introdução às teorias do Currículo; onde Michael Apple destaca sua preocupação tanto com os valores morais implícitos no currículo quanto a conhecimento que fundamentam as disciplinas que as constituem. A Escola não deve ser apenas distribuidora, mas sim produtora de conhecimento, e que este não deve ser apenas transmitido, mas sim questionado, problematizado.

2º) Paulo – Texto- O currículo como política cultural – Para Henry Giroux as pessoas precisam conhecer seu papel diante do controle das instituições e estruturas sociais para se emanciparem e se libertarem do poder e controle. Surgem então três conceitos fundamentais: “esfera pública”, “intelectual transformador” e “voz”.

            Como a professora Rita quer a nossa participação efetiva durante toda a semana e não só nos encontros de 6ª feira, ela deixou uma tarefa bem original: Cada aluno deveria acessar o blog, das colegas, fazer a leitura das resenhas escolher uma  e fazer uma pergunta  referente a resenha e responder a pergunta que receber.

Detalhe g Recebi  três  perguntas e não consegui fazer nenhuma..

06/05/11  8º encontro
Continuamos as apresentações das resenhas.

1º) Kleber- Texto-  Contra a concepção técnica: os reconceptualistas g O currículo através da teoria crítica leva em consideração uma educação pautada em nossas experiências de mundo
Entendendo  melhor o que é  fenomenologia g uma das principais correntes filosóficas deste século, que busca superar a tradicional oposição entre realismo e idealismo. Partindo da idéia de que a realidade é uma construção social, procura-se analisar e compreender como, por exemplo, as crenças e as tipificações utilizadas, cotidianamente são construídas, problematizando aquilo que muitas vezes é naturalizado pelo senso comum.

2º) Janete – Texto -Currículo como construção social: a nova sociologia da educação, Michael Young: o texto aborda um aspecto muito relevante sobre a construção do currículo que considera as tradições culturais tanto dos grupos subordinados quanto dos dominantes.Destaca  ainda a cultura da “rotulação” nas escolas, onde os alunos são avaliados pela classe social a que pertencem.

3º) Ângela – Texto - Códigos e reprodução cultural: Basil Bernstein.

            A partir da minha apresentação surgiu a tarefa da semana: postar um texto sobre “currículo como coleção”.

15/05/11  9º Encontro

            A professora Rita solicita a Janete que faça um relato da aula passada.
            Algumas discussões sobre “currículo coleção” permeia o relato e fechamos essa primeira parte da aula com a frase:“Ao ser singular atinge-se a universalidade”

Apresentação das resenhas:
1º) Ana Carolina – Texto -  Quem escondeu o currículo oculto? Onde  se destaca que são todos os aspectos que não estão explícitos, mas que contribuem para as aprendizagens sociais relevantes.

2º) Patrícia – Texto -  Pedagogia do Oprimido X Pedagogia dos Conteúdos .É uma obra de Paulo Freire que apresenta a teoria crítica da Pedagogia com bastante relevância quando conceitua a “educação problematizadora”, o “Conceito antropológico de cultura” e a “educação bancária”. Conceitos esses que tem como objetivo contestar uma pedagogia tradicionalista.

3º) Rafael – Texto -Onde a crítica começa: ideologia, reprodução e resistência. O currículo não deve se restringir ao como fazer, o importante é o que o currículo faz.

            Atividade para casa g Fazer uma leitura de currículo a partir da imagem.

20/05/11  10º Encontro

            Iniciamos a aula assistindo o vídeo da professora “Amanda Gurgel” do Rio Grande do Norte. Que  PROPRIEDADE!

            Compartilhamos  a leitura das imagens! Que interessante...
Ângela g gotas de orvalho / prédio
Ana Carolina g dromedário / caminho
Rafael g prédio / folhas
Janete g gotas de orvalho
Paulo g caminho / dromedário
Antônio g caminho / dromedário
Patrícia g gotas de orvalho / prédio
Kleber g árvore frutífera /  animal
Nas leituras, muitas informações e surge mais um autor a ser discutido : Edgar Morin, e assim a professora propõe a elaboração de mais um texto: Currículo e a complexidade.

27/05/11  11º Encontro

Esse encontro eu não compartilhei. Meu lado “filha” falou mais alto.

03/06/11  12º Encontro

Compartilhamos os resumos:
1º) Patrícia – Texto - Poder e Discurso Cultural

2º) Antonio Marcos – Texto - Conhecimentos escolares e a circularidade entre culturas  de  Maria de Lourdes Rangel Turra  que analisa a questão da circularidade entre culturas no espaço escolar, e relata algumas situações que presenciou quando observou o cotidiano de uma escola pública.

3º) Rafael – Texto - Sentidos e dilemas do multiculturalismo:desafios curriculares do novo milênio. A escola deve tratar da pluralidade cultural como ferramenta para a construção da cidadania multicultural.

Entende-se por multiculturalismo - movimento que defende a idéia de que o currículo esco­lar deve incorporar as tradições de diferentes grupos sociais, que foram sistematicamente excluídas da escola, como a cultura negra, a cultura infanto-juvenil, a cultura rural, entre outras. No interior desse movimento, destacam-se diferentes posições. De forma geral, pode-se dizer que existe uma posição em que a dife­rença cultural é trabalhada com o objetivo da assimilação cultural dos grupos minoritários, outra, que prega a separação cultural, estimulando o desenvolvi­mento de cada cultura separadamente, devendo a escola propiciar aos diversos setores culturais ambientes educativos apropriados, e uma terceira, que seria a daqueles que se posicionam a favor da troca de experiências e da solidariedade entre as diferentes culturas, propiciando aos estudantes uma real integração com sua cultura de origem e também a capacidade de transitar em diferentes espaços culturais.

            Tarefa  da semana g Escrever um texto sobre poder, política, cultura e currículos.

10/06/11  13º Encontro
            A profª. Rita sugere que se destaque os elementos de currículo que  identificarmos  na palestra do Professor  Décio Auler .

            Rafael continuou expondo as idéias do texto “Sentidos e dilemas do multiculturalismo: desafios currículos do novo milênio que havia iniciado na semana anterior.
            Identificamos e discutimos no texto as questões como:
    multiculturalismo reparador
P folclonismo
P reducionismo identitário
P guetização cultural.

            Concluímos com a frase: “Que não congelemos identidades. Que trabalhemos com o plural, o diverso, em nossas dinâmicas em sala de aula e em nossas “traduções” de diretrizes curriculares para o currículo em ação” (Canen, 2002)

            Dando sequência à aula o aluno Rafael que estava com algumas leituras em atraso continuou com outro texto: Marx e a crítica da Educação.
            Para entender melhor as reflexões que foram feitas pelo colega na aula, deixo aqui registrado algumas considerações sobre:
Marxismo - teoria social e política derivada da obra de Karl MARX e colabora­dores, que discute os principais tipos de sociedade, a partir da forma como está organizado o sistema de produção. Na análise sobre o capitalismo - tema central dessa obra - concebido como a forma final da sociedade de classes, o conflito entre burguesia e proletariado intensifica-se com as crises constantes do capital - que só seriam superadas pelo socialismo - levando ao fim da propriedade privada e à socialização dos meios de produção.

Neomarxismo – tendências contemporâneas do marxismo clássico, que continuam a critica ao capitalismo, fugindo de uma orientação considerada economicista, que centralizava suas explicações sobre o desenvolvimento e as instituições sociais, em fatores de ordem econômica. Dando ênfase a aspectos sociais, culturais e políticos, aliam as contribuições de outras teorias sociais, como as da Psicanálise, para a compreensão de fenômenos atuais, como, por exemplo, a crescente ampliação da chamada cultura de massa.
            Busco na escrita de Rafael a conclusão do texto discutido, refletido e analisado na sala Na sociedade capitalista contemporânea a educação reproduz o sistema dominante tanto ideologicamente quanto nos níveis técnico e produtivo. Na concepção socialista, a educação assume um caráter dinâmico, transformador, tendo sempre o ser humano e sua dignidade como ponto de referência. Uma educação omnilateral é o que continua fazendo falta em nossa sociedade. O atual sistema educativo, sobretudo no Brasil, vem confirmando o que se diz sobre reprodução, exclusão e dominação. Projetos político-pedagógicos até existem e são propostos, mas são postos em andamento aqueles que legitimam o sistema e não representam para ele uma ameaça.

            Para tarefa g Escrever um texto baseado nas reflexões do dia como: emancipação, alienação, consciência de classe e recuperação do sentido de trabalho, respondendo  “ Por que o currículo é um projeto político?”.

17/06/11  14º Encontro

            Começamos a tarde com a frase dita pela professora:
“Tudo que eu não invento é falso”
Manoel de Barros
Compartilhando as leituras:

1º) Ana Carolina – Texto - Divisão social do trabalho – divisões educacionais: Qual a relação?  Do livro: O que produz e o que reproduz em educação. Ensaios de Sociologia da Educação de Tomaz Tadeu da Silva. Texto que tem como objetivo mostrar as relações entre educação e trabalho e a forma como as divisões de trabalho e as divisões educacionais estão mutuamente implicadas.

2º) Ângela -Texto – Produção, Conhecimento e Educação: A conexão que falta.  Do livro: O que produz e o que reproduz em educação – Ensaios de Sociologia da Educação de Tomaz Tadeu da Silva.

3º) Patrícia e Janete – Texto - Conhecimento Oficial  :Educação democrática numa era conservadora.

4º) Paulo – Trabalho docente

Após todos esses encontros, ficou...

Diferentes sociedades, nos últimos séculos, colocaram a escola como lugar cen­tral para socializar as novas gerações nos valores, hábitos, atitudes e conheci­mentos produzidos e acumulados historicamente. Pode-se dizer que, na institui­ção escolar, é sobretudo por meio do currículo que esse processo se desenvolve.
Ao longo dos últimos anos, vários significados foram e são atribuídos ao currícu­lo, de acordo com diferentes concepções sobre o papel da educação escolar. Para alguns, currículo significa o conjunto de conhecimentos trabalhados pela escola ou sob sua supervisão, enquanto, para outros, o currículo constitui as experiências de aprendizagem vivenciadas na escola. Pode-se dizer que, no pri­meiro caso, a ênfase é posta em "o que aprender", ou seja, no conteúdo a ser trabalhado na escola. No segundo caso, o interesse dos educadores está voltado para a forma como o currículo deve ser organizado, dando ênfase à definição das experiências mais significativas a serem desenvolvidas pela escola. É claro que essas duas orientações representam apenas diferentes ênfases dados a esses aspectos que se apresentam, geralmente, interligados.
São tendências que marcaram o campo do currículo desde sua origem e perma­necem até nossos dias. Nas últimas décadas, no entanto, a produção na área do currículo vem sofrendo grandes transformações. No início da década de 70, um grupo de intelectuais, sobretudo ingleses e americanos, foram responsáveis pelas mudanças no rumo dos estudos e pesquisas sobre currículo. Esses acadêmicos, influenciados pelo marxismo, pelo neomarxismo, pela Fenomenologia, pelo interacionismo simbólico, pela Etnometodologia, pela Psicanálise e, mais recen­temente, pelos estudos culturais e teorias pós-estruturalistas, levantaram algu­mas questões e desenvolveram análises que redirecionaram as preocupações e interesses nessa área. Alguns desses teóricos são bastante conhecidos no Brasil e muito citados na literatura sobre currículo, como, por exemplo, Basil BERNSTEIN e Michael YOUNG (ingleses) e Henry GIROUX e Michael APPLE (americanos)
A preocupação com orientações que facilitassem o desenvolvimento dos currículos escolares é substituída, a partir do trabalho desses grupos, pelo interesse na compreensão do papel do currículo no processo educacional.
Até então, associava-se o baixo rendimento do aluno a aspectos socioeconômicos e culturais. Acreditava-se que a idéia de que as crianças das camadas populares apresentavam baixo desempenho escolar por questões ligadas ao seu processo de socialização: problemas relacionados ao desenvolvimento da linguagem, tipo de experiências vivenciadas, falta de acesso aos bens culturais, entre outras. Na Inglaterra, o movimento conhecido como Nova Sociologia da Educação volta-se para o estudo do currículo. Michael YOUNG, em um livro lançado em 1971, intitulado "Conhecimento e Controle", levanta importantes questões sobre a educação escolar, mostrando a necessidade de se analisarem os pressupostos que comandam os processos de seleção e organização dos conhecimentos tra­balhados pela escola. Abre-se, assim, espaço para questionar os estudos que atribuem o rendimento insatisfatório dos alunos à falta de condições para a apren­dizagem. Se as crianças não aprendem o que a escola ensina, não seria esse fato decorrente da inadequação dos próprios currículos escolares? Parte dos estudos sobre currículo passa, então, a discutir a forma como eles são organizados e trabalhados nas escolas.
As pesquisas e estudos da década de 70 mostram, ainda, que o que é ensinado na escola é selecionado dentro de um universo amplo de possibilidades. No interior da cultura, encontra-se o conhecimento científico, o conhecimento ar­tístico e literário, o conhecimento do senso comum, enfim, diferentes formas de saberes e de saber fazer. Por que, nesse conjunto de possibilidades, a escola privilegia determinados tipos de conhecimentos em detrimento de outros? Re­conhecendo que o conhecimento escolar é resultado de um processo de seleção, é necessário, então, entender-se os critérios que orientam essas escolhas.
Os estudos sobre currículo têm mostrado que os saberes acadêmicos têm mais prestígio na educação escolar do que os saberes práticos. Mostram, também, que a forma como os conhecimentos são selecionados, organizados e trabalhados nas escolas refletem relações de poder e interesses de controle social, presentes na sociedade. Em conseqüência, os currículos escolares, como vêm sendo ana­lisados em diferentes trabalhos sobre guias curriculares, livros didáticos ou práti­cas de sala de aula, muitas vezes reforçam diferenças de classe, gênero e etnia, entre outras.
Atualmente, os estudos voltam-se para a análise de como o currículo atua nos processos de exclusão escolar. Investiga-se se ele facilita ou limita as possibilida­des de desenvolvimento do pensamento crítico, do interesse dos alunos pelos diferentes aspectos da nossa cultura, como desenvolve determinadas formas de raciocínio, em detrimentos de outras, enfim, como ele está formando ou confor­mando a maneira de ser e de agir das pessoas no processo de escolarização. Ao lado disso, busca-se discutir propostas alternativas de currículo, que permitam a inclusão dos alunos no sistema escolar. A discussão sobre a construção de uma proposta curricular que torne a escola realmente democrática, pela oferta de um ensino de qualidade, defronta-se com vários dilemas que deverão ainda serem trabalhados por todos aqueles que de  forma direta ou indireta estão envolvidos com a escola.

CONCLUSÃO
Como nos foi solicitado, deveríamos escrever neste diário de bordo o percurso da construção de nosso conhecimento.
Acredito que todos esses  encontros contribuíram para o nosso crescimento enquanto profissionais da educação, por isso fica aqui meus sinceros agradecimentos por ter tido a oportunidade de conviver com um grupo tão especial  e principalmente por ter sido guiado por essa  profissional da educação, Professora Rita Stano, que foi incansável  nos desafios, sensível  as  belezas e durezas  da realidade escolar.
O meu muito obrigada por você  professora ter mais uma vez contribuído na minha formação.